Quinta-feira, 29 de Abril de 2010

Importância Estratégica do Mar

" A Nação portuguesa encontrou no mar a causa primeira da sua consolidação, deve aos oceanos o motivo da sua expansão universalista e vai ter de continuar a retirar deles a força e a identidade que a forjou e temperou, ao longo de quase nove séculos de existência. " O mar poderá ser também um potenciador pujante da economia portuguesa, hoje em dia. (...) (...) " A posição geográfica de Portugal, junto ás principais rotas de navegação, entre o Norte e o Sul, o Leste e o Oeste, a característica profundidade das suas águas e a ausência de obstáculos à navegação nas zonas costeiras são factores que podem contribuir para o desenvolvimento do transporte marítimo e dos serviços portuários, sobretudo no Continente. São, contudo, actividades que têm estado em declínio nas últimas décadas, em contra-ciclo com o que se passa no mundo, apesar de a nossa costa dispor de portos magníficos, como o de Sines, com condições para poder ser um dos maiores, senão o maior da Europa, capaz de acolher os maiores navios de transporte de mercadorias. Para passageiros, existem, nas três parcelas do território, infra-estruturas portuárias e pontos de interesse turístico, no mar e em terra, capazes de justificarem uma forte actividade de visitas. Os navios de cruzeiro frequentam cada vez mais os nossos portos e correspondem a um mercado em forte expansão. Mais uma vez a posição geográfica foi pródiga em boas condições. Outro sector capaz de gerar riqueza é o da construção e da reparação naval, também ele beneficiando da proximidade das rotas de navegação e da existência do melhor estaleiro de reparações, da Europa, em Setúbal, e de um bom estaleiro de construção em Viana do Castelo, para além de outras infra-estruturas técnicas de menor dimensão. Estas são parte de um todo a exigir reformas de redimensionamento, de renovação técnica e de inovação tecnológica e científica. Os hábitos ancestrais de convivência com o mar fizeram dos Portugueses grandes apreciadores de peixe, de tal forma que o seu consumo é cerca de o triplo da média, “per capita”, na U.E. Contudo, o excesso de capturas praticado nas nossa águas, sobretudo num passado recente, levou à diminuição das populações piscícolas e à consequente redução das capturas. Por isso, Portugal importa mais de metade do peixe que consome. É previsível que as medidas restritivas da pesca possam ajudar a recuperar a fauna marítima, nalguma medida. No entanto, é no campo da aquacultura que reside a possibilidade de um aumento sustentado da produção de peixe. O fundo dos mares portugueses não parece ser rico em hidrocarbonetos, pelo menos a fazer fé na prospecção e pesquisa petrolíferas feitas até hoje. Estas investigações confirmam a existência de petróleo, mas nunca foram identificadas quantidades que justificassem a sua exploração. No entanto, as condições naturais do nosso mar fazem admitir a probabilidade de se encontrarem significativas quantidades de hidratos de metano, sobretudo a partir dos 1.000 metros de profundidade. Entre as energias renováveis susceptíveis de serem aproveitadas por nós, a das ondas é a de maior potencial, face à contínua agitação na costa ocidental do Continente e da generalidade do mar das Ilhas. É um recurso prospectivo da ordem dos 15 GW ano, no Continente e de cerca de 6 GW ano, nos Arquipélagos, com interesse crescente, que está a ser objecto de investigação científica com boas esperanças. Os oceanos, incluindo a parte que nos respeita, têm uma enorme potencialidade para a biotecnologia, ou seja, a utilização de organismos vivos para produzir ou modificar produtos, nomeadamente, microorganismos para fins específicos. Trata-se de um vasto acervo de substâncias e produtos para uso em medicina, agricultura, aquacultura, saneamento, etc., que encontram nas fontes termais de profundidade locais privilegiados para a sua obtenção. Assim, também na área da produção de riqueza, o mar constitui uma impressionante fonte de recursos naturais para o País, certamente a mais importante de todas. A sua exploração requer uma visão integradora que percorra transversalmente todas as actividades, a articular num verdadeiro “cluster”. É um forte desafio para o futuro, a encarar como as “Novas Descobertas”, pelas gerações de hoje. (...) (...) Hoje, o Mar-Oceano assume nova importância vital para a Nação ao oferecer-lhe a marca de identidade que a distingue numa região e num mundo em homogeneização e ao proporcionar-lhe recursos económicos inesgotáveis. O Mar foi, é e será generoso para os Portugueses, mas exige deles uma contrapartida importante. A de ser protegido contra novas e velhas ameaças, provenientes quer de prevaricadores compulsivos, quer de cidadãos ignorantes do ambiente. Foi nessa linha de rumo que o mar da nossa geografia ligou o passado de Portugal ao seu presente e vai, se nós quisermos, ser a ponte oceânica para um futuro de boa esperança. " Estas palavras não são minhas mas comungo totalmente delas. Temos que tirar partido das vantagens comparativas e, o mar para nós, representa uma delas. Mas também não nos esqueçamos de nos aviar em terra. Vale a pena pensar nisto. Cumprimentos.
publicado por polideias às 01:02
link | comentar | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Março 2014

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


.posts recentes

. As certezas incertas

. TAP privatizada ou assim-...

. Os pormenores (estúpidos)...

. A evolução que não atrope...

. Uma posição responsável

. O filtro necessário

. Como o "Harlem" agitou ("...

. O Estado Regulador/ O Est...

. PS e a Esquerda

. Portugal e o FMI

.arquivos

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Abril 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Abril 2012

. Junho 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub