Terça-feira, 25 de Setembro de 2012

Dos Ministros de um Primeiro-Ministro - entrevista de Vítor Gaspar a José Gomes Ferreira

 http://www.youtube.com/watch?v=ySaTt-scIhE

 

Há cerca de 15 dias, o Ministro de Estado e das Finanças, Vitor Gaspar foi entrevistado na SIC (ver link supra) pelo assertivo jornalista José Gomes Ferreira. 

 

Considerei o desempenho de Vitor Gaspar péssimo, em todos os planos.

 

Não sou dos que defendem que os Ministros devem ser tecnocratas. Antes pelo contrário, entendo que os Ministros devem ser políticos, e estar sim rodeados de técnicos (vulgo especialistas na verdadeira definição da palavra) nos seus gabinetes. 

 

Para além disto, são evidentes os problemas comunicacionais deste membro do Governo. 

 

Nunca é de mais lembrar a importância da comunicação.

 

A má FORMA tem a peculiaridade de estragar um bom CONTEÚDO. Um mau CONTEÚDO até pode ser "salvo" por uma boa FORMA mas o inverso não é possível, especialmente em política. 

 

Isto reporta-me para a importância da escolha dos Ministros - em termos gerais -, tão decisiva para a consistência e durabilidade de um Governo.

 

Maquiavel escreveu que "não é fácil a um Príncipe saber escolher os seus Ministros, os quais são bons ou maus segundo a sabedoria do Príncipe.

 

A primeira conjectura que se faz acerca de um Príncipe e da sua mentalidade baseia-se nos homens que o rodeiam. Se são suficientes e fiéis, podemos sempre considerá-lo sensato, porque os soube achar suficientes e manter fiéis. Mas, quando assim não sucede, podemos admitir a possibilidade de um descernimento funesto, porque o seu primeiro erro consiste nessa própria escolha. (...)

 

Havendo cérebros de três espécies, os que compreendem as coisas por si próprios, os que as compreendem quando lhas ensinam e os que nem por si mesmos nem por ensinamento doutrem compreendem nada, a primeira espécie será muito excelente, a segunda excelente e a terceira inútil. (...)

 

Sempre que um homem possui discernimento suficiente para identificar o bem ou o mal que outro faz e diz, embora, por si mesmo, não saiba inventar as coisas, sabe quais são as obras boas e as obras más do seu Ministro, corrige umas e recompensa outras. E o Ministro compreende que não o pode enganar e segue pelo bom caminho. (...)

 

QUANDO VIRES UM MINISTRO PENSAR MAIS NELE DO QUE EM TI E ATENTAR NO SEU PROVEITO EM TUDO QUANTO FIZER, TAL MINISTRO NÃO VALE NADA E NÃO TE DEVES FIAR NELE, POIS AQUELE QUE GOVERNA E TEM NAS MÃOS TODO O ESTADO DE UM PRÍNCIPE NUNCA DEVE PENSAR EM SI. (...)

 

O Príncipe, para manter o seu Ministro neste bom caminho, deve pensar nele, dar-lhe honras, torná-lo grato e devedor, de tal modo que o Ministro não possa passar sem ele e que as grandes honras que lhe der não lhe agucem o desejo de outras maiores e os elevados cargos que desempenhar LHE FAÇAM TEMER AS MUDANÇAS E NOVIDADES

 

Quando os Ministros, e os Príncipes em relação aos Ministros, são desta sorte, podem-se sempre fiar um no outro; caso contrário, o fim será sempre prejudicial a um ou a outro." 

 

Cumprimentos,

 

Hugo Baião. 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por polideias às 02:42
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Domingo, 23 de Setembro de 2012

QUE VISÃO TEMOS DA POLÍTICA?

Numa semana em que se falou abundantemente de crise política, parece-me pertinente discutir uma questão de fundo, que sendo completamente determinante, por vezes, é negligenciada e esquecida como se se tratasse de uma mera questiúncula.

 

Entendo que a pergunta-chave que vou formular se revela fundamental, especialmente em épocas de viragem histórica, de busca do rumo a seguir e do desígnio de país que queremos ser/ter a longo prazo. De tempos em tempos temos que a fazer, em jeito de introspecção feita necessariamente pela elite política.

 

QUE VISÃO TEMOS DA POLÍTICA?

 

O distinto politólogo Maurice Duverger considerou existirem duas interpretações opostas.

 

“Para uns a política é essencialmente uma luta, um combate: o poder permite aos indivíduos e grupos que o detêm assegurar a sua dominação sobre a sociedade e dela tirar proveito: os outros grupos e os outros indivíduos erguem-se contra esta dominação e esta exploração, esforçando-se por resistir-lhe e destrui-las.

 

Para outros a política é um esforço no sentido no sentido de fazer reinar a ordem e a justiça: o poder assegura o interesse geral e o bem comum contra a pressão das reivindicações particulares. Para os primeiros a política serve para manter os privilégios de uma minoria sobre a maioria. Para os segundos, ela é um meio de realizar a integração de todos os indivíduos na comunidade e de criar assim a Sociedade justa de que falava Aristóteles.

Para os que se identificam com a primeira posição, a favor do bem comum, espero que escolham outra “ocupação” que não seja dirigir os destinos de um Estado.

 

Uma boa semana,

Cumprimentos,

Hugo Baião.

publicado por polideias às 21:21
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Terça-feira, 18 de Setembro de 2012

O Homem e o Político

Na edição do Jornal SOL de 14 de Setembro, vinha na secção de Política, uma notícia sobre o caso "Vereador da Câmara de Odivelas" que me fez reflectir e por isso vos trago aqui, para, de preferência poder contar com a vossa sincera opinião.

 

Hugo Martins expressou - depois de ter sido acusado de agressão a um militar da GNR após um acidente com feridos que terá sido provocado por si e onde se terá recusado a realizar o teste de álcool - entender que "é um assunto que só diz respeito ao cidadão". 

 

Para quem goste de intrigas, consta também que é reincidente e que não se trata da primeira ocorrência do género...mas ignoremos esse dado.

 

Foi já suspenso na Câmara onde detém (ou detinha) poderes executivos mas quanto ao PS não há conhecimento de qualquer "castigo". 

 

Ora o busílis da questão para mim, reside aqui (e na anterior expressão utilizada pelo visado, "só diz respeito ao cidadão"): 

 

"Encontrava-me de fim-de-semana, a 300 kms de Odivelas, no uso da minha viatura particular, pelo que o que terá ocorrido se circunscreve à minha vida pessoal e privada", alega Hugo Martins numa declaração ao Jornal. 

 

Acontece que, em meu entender, os políticos não são cidadãos normais, na medida em que as responsabilidades que assumem não estão incumbidas ao comum dos mortais.

 

Se há elemento que seja determinante e que faça falta em Portugal, chama-se EXEMPLO. E esse é dado tanto nos holofotes da ribalta como nos bastidores, porque graças à Comunicação Social, o escrutinio é permanente. E é assim que deve ser, sublinho.

 

Para mim a barreira entre a vida privada e a vida pública, num político, é muito ténue. É uma consequência inerente à própria condição de representante público. Não se pode vestir de manhã e ao fim do dia despir a "camisola" de político, como um cozinheiro faz. O alcance da acção de um é totalmente díspar da do outro.

 

Os primeiros são eleitos e por isso têm um carácter diferente do da maioria das profissões. 

 

É certo que os políticos são Homens e não anjos, mas, estando sujeitos ao erro, as ilações a extrair têm que naturalmente assumir proporções numa escala desigual da aplicada aos outros cidadãos, porque no fundo, é simples, eles não são como os outros cidadãos. Talvez seja por isso que defendo como imperativa para o exercício da Política a VIRTUDE (VIRTÚ) no Homem.

 

É assim que vejo este problema. Se querem passar por anónimos, escolham outra vida...

 

«Accountability» ("prestação de contas" numa tradução mais fiel possível à portuguesa) e a Ética Democrática Repúblicana têm destas coisas...

 

 

Cumprimentos,

 

Hugo Baião. 

 

publicado por polideias às 14:46
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Segunda-feira, 17 de Setembro de 2012

COOPERAÇÃO é a chave

 

No livro intitulado "Deixa-me que te conte", do psiquiatra e psicoterapeuta argentino Jorge Bucay, reli, há uns dias na praia a gozar os últimos dias de férias, a seguinte história:

 

Ao fundo de um longo corredor encontravam-se duas portas iguais. "Ao abrir a porta da direita, viram-se centenas de pessoas sentadas à volta de uma mesa enorme. No centro da mesa, viam-se os manjares mais requintados que qualquer pessoa poderia imaginar e, embora todos tivessem uma colher para chegar ao prato central, estavam mortos de fome! O problema era que as colheres tinham o dobro do comprimento dos seus braços e estavam presas às suas mãos. Assim, todos podiam servir-se, mas ninguém conseguia levar a comida à boca. A situação era deveras desesperante e ouviam-se gritos de dor e sofrimento."

 

A seguir escolheu-se a porta da esquerda e ao "entrar numa sala idêntica à primeira, o cenário era o mesmo; as pessoas em volta, as mesmas colheres de cabo comprido, que alcançavam o prato central mas não podiam alcançar a boca. Mas a grande diferença é que todos estavam saciados e não havia gritos nem desespero. O sujeito questionou-se por uns momentos e depois percebeu que por aqui as pessoas estavam felizes enquanto que na outra sala morriam de aflição" porque a solução residia na entreajuda, na solidariedade e na cooperação.

 

Juntos, todos (e cada um) resolviam o seu principal obstáculo e encontravam resposta para o seu maior problema.

 

Funciona assim com as pessoas e com os Estados, num mundo que é cada vez mais interdependente, como consequência da Globalização.

 

Só conseguiremos sair da crise e alcançar o progresso se apostarmos na cooperação bilateral e multilateral, e se a transportarmos para as nossas vidas concentrando esforços, agindo com base na ajuda mútua e recíproca.

 

Cumprimentos e boa semana,

 

Hugo Baião.

 

 

 

publicado por polideias às 00:56
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Quinta-feira, 6 de Setembro de 2012

A Profissionalização da Política

Ontem em horário nobre, na entrevista dada pelo Professor Freitas do Amaral a Fatima Campos, na RTP, retive a seguinte passagem:

 

"O nosso ensino secundário e o nosso ensino superior - até agora - não ensinam Ciência Política. Não ensinam Filosofia Política, não ensinam História das Ideias Políticas, portanto é normal que a maior parte das pessoas tenha falta dessas leituras. Ora quem quiser fazer política A SÉRIO, no nosso século tem de começar por ler os gregos. Com Péricles a defender as virtudes da democracia, Xenofonte a defender as virtudes da ditadura, Platão a defender o comunismo e com Aristóteles a defender a Democracia baseada nas classes médias...ESTÁ TUDO DITO!! (...) Estes 4 homens, estes 4 génios definiram para sempre os moldes em que nós hoje continuamos a viver e a discutir a Política. (...) Seria um grande enriquecimento para a democracia portuguesa se todos os nossos políticos conhecessem pelo menos os clássicos."

 

Ora esta fantástica entrevista, donde emanou este acutilante pensamento, só vem reforçar aquilo que defendo já há um par de anos.

 

Finalmente vi expresso publicamente, por alguém com autoridade para o afirmar e num espaço de alcance alargado, que é urgente a PROFISSIONALIZAÇÃO DA CLASSE POLÍTICA.

 

TODOS ficarão a ganhar com ela.

 

Por outras palavras foi o que o Professor defendeu, e bem.

 

"Se há algum problema no nosso país é o excessivo amadorismo de muita da classe política". (João Marques de Almeida)

 

Devemos querer nos órgãos de poder, pessoas competentes e preparadas para o exercício das responsabilidades que as funções exigem.

 

E, como se me aparenta óbvio mas até agora não parece ter-se verificado na nossa sociedade, as mais indicadas são aquelas que se dedicam ao estudo da Política, as que se versam sobre a Ciência Política e passam anos a analisá-la e a percebê-la em todas as suas dimensões.

 

Se tivessemos (mais) políticos profissionais no activo seguramente inúmeros erros de governação não se tinham sucedido.

 

Porque, se a Economia vem nos livros, a Política não é excepção.

 

Se, por exemplo, o Parlamento português estivesse maioritariamente preenchido por cientistas políticos pelo menos uma coisa era certa: as leis não eram feitas por parte interessada (Advogados) nem com o intuito de beneficiar os mega escritórios a que alguns destes pertencem.

 

 

 

Cumprimentos,

 

Hugo Baião.

publicado por polideias às 02:53
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